Postagens

Mostrando postagens de março, 2025

Aniversário meu

 No tempo em que comemoravam o dia dos meus anos Se entretanto,  a memória não se adulterou, foi um tempo residual  Há  muitos séculos que não sopro  velas no topo do bolo.  E o que é isso? Importantíssimo?  Nunca houve essa tradição nem nasceu comigo,  chegou  mais tarde Nem eu era feliz,  fechada na  incompreensão dos que tinham o meu sobrenome  A tia que nunca tinha amado o tio  E que maldizia tê-lo conhecido na juventude  quando ele apaixonado aguardava por ela   à porta da igreja Trazia o bolo com velas acesas de alegria nervosa  e eu diluia a reduzida  chama a nada, num sopro tímido  com  lábios grossos  Ninguém  estava morto Os tios e as tias riam às gargalhadas e eu séria... As vezes até  parecia que se riam de mim.  Naquela altura repetia o que me haviam ensinado Precocemente deixei de o fazer, sem saber que tão cedo  me tinha apercebido que tinha muita v...

Verso livre

  O sol saiu à rua  numa manhã  deslavada  Tangiu as paredes da casa,  o jardim e a estrada  O dia finalmente acordado  com atraso de uma hora mas que fazer?  Uma das janelas foi aberta  O clarão estendeu-se  quarto adentro,  lambeu  paredes, portas , cadeiras, móveis  Menos as mãos paradas enregeladas tremuras de frio e de fraqueza   labios juntos e finos  numa linha incerta  e horizontal  num equilíbrio desorientado  O silêncio  das horas paradas suspenso por um campo de grilhos  O querer sem saber o que quer  A confusão  dos momentos  parece  esfumada em neblina   nessa  imensidão de memórias  amalgamadas...  dentro de  si, apertadas  As minhas mãos quentes  onde agora moras.