Azinhaga

 Tantos anos ao calor e ao mofo 

ao  pó e ao   bolor e  à descoloração 

no emaranhado de um  tempo antigo

nunca por mim esquecido 

Assaltada de quando em vez 

por um desejo de  visita

passo adiado ....

continuamente adiado

tão adiado...

Quando por fim entrei 

na  longínqua paisagem 

a rua imensamente comprida

entrou nos meus olhos devagar 

Não senti estremecimento 

nem qualquer outro sentimento 

Constatei uma descida quase intacta 

estreitaram alguns pontos 

alargaram outros 

Havia becos sujos e arranhados 

algumas casas por lá ficaram

não mudaram de lugar

Outras desmoronaram 

raras habitações  novas 

Encontrei 

 no caminho, 

abandono e solidão 

O que foi... foi sugado no tempo 

Nem a casa da minha infância 

perdi-me dela...

Muita da vizinhança 

onde está ela? 

 Imigrada,trancada, enterrada... 

Fechaduras  tortas

cadeados às portas

Oxidados

Não encontro 

um único rosto familiar

para a minha 

memória se recordar 

daqueles com quem falei e brinquei 

Os tempos dos  avós 

Ai, os tempos dos avós 

Rica saudade, a minha ...

Desci a rua , não vi uma alma 

Que sabor  nostálgico 

Reduzido a lugar fantasma... 

 Desconsolo

 Desilusão 

Uma rua inteira  sem ninguém?

Por fim, um  sentimento de  frustração 


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Até Sempre Minha Flor Muito Amada