Poema à Mãe

 Poema à Mãe 

No interior de mim

sei o que há dentro por ti

Podem eclipsar 

Com todas as armas 

A minha presença 

Para que não possas ver quem sou 

Podem passar outros mares coloridos 

Fazendo-se  de encantadores

E os teus olhos deslumbrados

Se esquecerem dos meus

O que não sabes

É que os peixes são escorregadios 

Muito depressa saltam das mãos 

Quando pensas que estão 

Como as bolas de sabão, já lá vão 

É nessa altura que ao  se afastarem

Os teus olhos encontram os meus

Eu fico e demoro, 

E os teus olhos verdes 

Verdes a se tornarem 

Pedras  preciosas mais sombrias

Desconfiados da transparência 

Do que julgam ver nos meus 

Há peixes à tua volta 

Feiticeiros, sabem seduzir, 

Dóceis e prazerosos 

 Arteiros  e manhosos

Esses peixes mentem, enganam

Mas tu não sabes e acreditas 

Os  teus discursos  sinceros

Num grato reconhecimento 

É o que os peixes querem ouvir

Bojudos de ostentação e glória 

Os peixes espertos retribuem 

O que sabem que  esperas ouvir

Que sintonia mais que perfeita

E o nosso amor fica  infeliz

Porque idealizas o amor dos peixes por ti

O que tu vês não são eles

É o que imaginas que sejam

Esqueceste muita coisa, mãe 

Mas sei que nunca esqueceste 

A devoção amorosa  aos peixes

Em  dias especiais 

Não faltam prendas!

 Levam  rosas exóticas 

Para te oferecer

E tu amas as rosas !

Levam perfumes caros

Levam mantas  exuberantes 

Levam vestidos belos 

Levam as tentações dos bolos 

Os teus olhos verdes luminosos escancaram  felicíssimos

Não dou rosas, dou o meu coração  inteiro 

Não esqueci de nada, mãe

Guarda tudo o que te dei

Guardo tudo o que me deste

O que me ensinaste 

 O que me disseste só a mim

À noite, sozinha...

Olho para a tua cama vazia

Vejo a tua boca formar meia lua 

As palavras, as risadas e gargalhadas ecoam 

Por vontade própria, livremente 

As saudades  que me fazes, mãe! 

Boa noite. Até à altura em que nos possamos 

 Reconhecer e abraçar. 

Abençoada seja a tua eternidade. 



Comentários

  1. Muito sentido e comovente.

    Há muitos peixes a nadar em sentido contrário e a fazer círculos e ondas...
    Que a razão não ensombreça, apesar de todos os pesares.

    Beijinhos, amiga!

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