Poema à Mãe
Quando chegaste deram-te cura
Mas foi sol de pouca dura
Era preciso saír dali
O mais depressa possível
Encontrar um abrigo
Para as mazelas sofridas
Julguei-te protegida
A curar- se ali
Engano meu
Má sorte para ti
Encaixaram-te num quarto
Onde o sol se metia todo ali
O teu semblante calmo,
Sereno, repousante
Que força era essa, mãe
Que tinhas nos braços ?
Nem um gemido, nem um ai...
Apanharam o deslize
E trataram logo de ti
Injetaram o quê?!
Que diabo fizeram contigo?
Logo tu que querias viver mais
Mas eles não pensaram assim
Querias te levantar da cama
E fugir dali ?
Mas eles nunca permitiriam
Passaste a ser uma presa fácil
A cura ?
A injeção letal !
No corredor da morte
Como se respirar fosse um crime
Estoiraram a tua massa encefálica
E eu fiquei a ver...
O meu coração angustiado
Como um louco desorientado
Que te estão a fazer?
A trazer mais sofrimento?
Ainda mais?!
Trouxe-te aqui para isto?
Que mau arranjo!
Não há tempo para te salvar!
Perdoa Mãe, não consigo!
Queres viver!
Mas não está
Nas minhas mãos
Nem nas mãos de Deus !
Está nas mãos deles!
O que te fizeram?!
Sem nenhuma hesitação
O conluio bem orquestrado
E ninguém viu o ponto final
Preparam a morte
Anteciparam o fim
E lavaram as mãos como Pilatos
Tenho a certeza
Não imaginaste que fosse a tua hora
Nem eu . Não pensei que fosse assim...
Foste surpreendida, até eu!
A crua vaticinou o dia. E assim foi.
É tão fácil desenvencilhar-se de uma vida
Isentos de moral, é fácil cortar o oxigénio.
Agora, só entre nós duas:
Sem culpas
Sem acusações
Sem remosos
Tudo perdoado
Tudo esquecido
Sempre serás minha mãe
Sempre serei tua filha.
(respiro fundo)
ResponderExcluirPois é, minha amiga. Parece que a vida agora está nas mãos de quem toca essa orquestra... e muitos assim já se foram. Pobres de nós!
Mas que consigamos manter-nos despertos, olhos bem abertos, porque não sabemos ainda o que nos espera mais.
Para mim tenho Esperança, e confiança nas palavras de Maria. "Por fim o meu imaculado coração triunfará". Que assim seja.
beijinho grande.