Poema ao amor e à saudade

 Olhos lacrados, para sempre  lacrados

A mão direita repousada 

sobre a esquerda definitivamente inerte

Quando eu morrer vais gritar por mim?!

E o grito que pediste, ainda está aqui, sufocado

Guardado

Desejoso de gritar

O que sinto, é tão forte que não sei dizer

Preciso do lugar certo e deixar sair

Este dorido clamor, meu brado de dor

Que desgraça  encontrar -te 

Coberta já pelo manto

Da  mortalha

Naquele quarto, tristemente só 

A boca ligeiramente aberta 

Deixando  entrever um amarelo escuro

 brilhante, qualquer coisa semelhante 

Radioatividade 

 Uma lua esfumada de um branco sujo

Uma brilhante experiência nuclear 

Quanta "porcaria" ali  atirada

A cor do rosto  já  era outra

 Folhas secas

Sob uma camada de gelo

Tão diferente da anterior

Que desgraça foi esta, tão imóvel 

Uma imobilidade perturbadora 

Tão distante de mim... 

Quantas maldades? 

Crucificaram-te sem se entender a razão 

 Foste embora assim...

Já nem  conseguias te revoltar

Tão cansada , entregaste o teu corpo 

A mãos danosas. 

Que cálice foi este? ! 

Se ao menos pudesses 

Abrir os olhos 

E olhar para mim...

E dar um sorriso maroto 

E como fazias à noite

Deixavas as palpebras cairem brandamente 

E adormecias de novo 

Cai sobre nós o terror do vazio

O terror do abismo que nos separa 

Do adeus final 

Sem retrocesso 

Difícil de acreditar 

Que a morte te roubou 

Ao fim destes longos anos

Sendo que a alma e espírito 

Divergentes entre si, por isso

Guarda-me na alma 

E Entrega o Espírito  a Deus





Comentários

  1. Por vezes gritamos tanto para dentro que não há forças para sair um simples som que seja...
    Grita assim, com as mãos em verbo!
    Abracinho.

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  2. Obrigada pela compreensão, Fá!
    Abraço

    ResponderExcluir

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